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ARTUR CORREIA
PARTIU O CINEASTA ARTUR CORREIA, O DECANO DO CINEMA DE ANIMAÇÃO PORTUGUÊS
Na tarde do primeiro dia de Março de 2018, extinguiu-se uma longa, pioneira, criativa e muito produtiva vida, do decano do cinema de animação português, Artur Correia (1932 - 2018).

Cineasta e quase desenhador convulsivo, a sua vasta obra marca de forma indelével vários momentos da história do cinema de animação português.

Tendo-se iniciado na animação nos anos 60, logo em 1967 é distinguido no maior festival de cinema de animação do mundo.
Artur Correia foi o primeiro cineasta português distinguido em Annecy, onde o seu filme “O Melhor da Rua” ganhou o Prémio Melhor Filme Publicitário.
Tendo recebido variadíssimas distinções, nomeadamente no campo do cinema de animação publicitário. Os seus filmes foram laureados, entre outros, com prémios em Veneza, Cannes, Hollywood, Bilbau, Nova York (1968 e 1969), Argentina (1970), Tomar (1981) e Lugano (1983).
Em 1970 realiza “Eu Qá presente uero a Lua” que parece ser o primeiro filme português de desenho animado destinado ao grande público.

Tendo fundado a Topefilme com, entre outros, Ricardo Neto, ali iniciou uma ímpar atividade produtiva na animação. A Topefilme veio a ser o primeiro estúdio português de animação a trabalhar numa grande série internacional de animação. “Jackson Five” permitiu a Artur Correia dirigir a animação de um dos filmes desta série produzida para os estúdios de Robert Balser (1972).
A primeira série portuguesa de animação viria a surgir com Artur Correia em 1988. “O Romance da Raposa”, uma marcante adaptação do romance de Aquilino Ribeiro, transformou-se rapidamente num dos maiores sucessos da nossa indústria audiovisual.

Pleno de humor, Artur Correia aliava o seu trabalho na animação com a autoria de ilustrações e de vários álbuns de banda desenhada. Entre eles, a obra de vulto “História Alegre de Portugal” e “SUPER-HERÓIS da História de Portugal”, que foi Prémio Melhor Álbum no AMADORA 2005.
Em 2011 recebeu Prémio de Honra neste Festival de Banda Desenhada da Amadora, certame em que marcou presença desde o seu início.
Mais tarde, volta a ser pioneiro com a realização da série de animação “História a Passo de Cágado”, produzida nos estúdios de animação do Cine-Clube de Avanca. Esta obra foi a primeira série europeia de animação a ser exibida em telemóveis. Aconteceu na edição de 2004 no Festival Internacional de Cinema AVANCA.
Ainda em Avanca viria a realizar a sua derradeira película, uma adaptação do Romanceiro de Almeida Garrett. “A Nau Catrineta” (2012), foi exibida em Zlin, na República Checa (o mais importante festival de cinema para a infância), mas também em competições em Espanha, EUA, França, Grécia, Irão, Itália, Sérvia e Brasil (Prémio Melhor Animação no “Curta Amazônia”). Em Portugal foi exibido no Fantasporto, Avanca, Monstra, Fike e CineCôa, entre outros, tendo sido o filme de encerramento do Cinanima 2012.
Homenageado pelo CINANIMA em 1993 e de novo na última edição em 2017, foi varias vezes júri e presença constante, acompanhando de perto o crescimento deste evento. Tendo sido igualmente homenageado pela CARTOON PORTUGAL, Artur Correia foi distinguido há poucos dias pela Academia Portuguesa de Cinema com o Prémio Carreira SOPHIA 2018.

Artur Correia deixa-nos uma semana após o desaparecimento de outro cineasta que também ele marcou a história do nosso cinema de animação, Servais Tiago (1925 - 2018). Concorrentes e amigos, ambos foram construtores de páginas fundamentais do nosso cinema de animação.

2018-03-01